PREFEITURA
DA CASA PONTIFÍCIA
X
Sínodo dos Bispos
Caminhos Fraternos:
Laicato e Sacerdócio Batismal
SESSÃO
PRIMEIRA
Domingo
na Solenidade de São Pedro e São Paulo
28
de Junho de 2020
Por
mercê de Deus, deu-se início a I Sessão Sinodal do X Sínodo dos Bispos, a 28 de
Junho do ano do Senhor de 2020, sob o pontificado de João Paulo VII, ministrada
por Sua Santidade.
Ao
iniciar, o Santo Padre, recordou-nos de dois grandes Papas importantes no
trilhar laical na Igreja: Urbano III e Paulo IV. Estes veneráveis antecessores
de Sua Santidade auxiliaram e contribuíram para o processo e elaboração deste X
Sínodo.
Após
a breve fala do Sucessor de Pedro, o excelentíssimo Dom Iago saudou a todos e
deu início a sua fala. Começou dizendo que estavam ali para conduzir as
informações a cerca de nosso Clero e através da organização destas, infundi-las
em nosso quotidiano, transformando-as em conhecimento. Citou também nosso Beato
Pai, João Paulo VII, quando disse que: “Muitos Papas souberam se colocar
pequenos diantes de Deus, mas sua fé através de ações neste clero não se pode
limitar”.
Com
o retorno da palavra, o Sumo Pontífice reforçou a importância do Sínodo, como
solene exercício do ministério episcopal, enquanto auxiliares do governo
pastoral da Santa Igreja. Voltou-nos também ao Sínodo de Urbano, onde junto ao
venerável papa Urbano III, pôde analisar melhor o cenário da igreja naquela
época, onde vivia uma superficialidade e a grande escassez dos leigos.
Citou
também a Urbano III: “É necessário realizar um caminho de acompanhamento e
motivação que reúna o clero e aqueles que lhe foram confiados, para que
desempenhem ardoroso e frutífero trabalho na sociedade e, até mesmo, em
ambientes hostis para a Igreja. Este relacionamento deve ser baseado em
cumplicidade mútua, onde o pastor confie em sua ovelha e a ovelha em seu
pastor. Desta forma, será mais fácil achegar-se ao outro, sobretudo na
realidade daqueles que possuem uma imagem negativa da Igreja, formada por
pré-conceitos decorrentes de sua formação ou da carga cultural acumulada ao
longo do tempo. Entretanto, de nada valerá o esforço do laicato em atrair novas
pessoas à comunidade eclesial, se os sacerdotes repelirem tal atitude. Por isso,
é preciso acolher as diversas categorias de fiéis, admoestando-os no ensino da
Santa Doutrina e da mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo. Isto não significa,
porém, que os ensinamentos do Divino Mestre devem ser adaptados ao tempo
corrente, mas sim, melhor explicados, utilizando-se da caridade evangélica
própria do cristão. Para estes novos tempos, o melhor caminho é o diálogo para
a superação das diferenças”. [1]
O
Santo Padre observou ainda que a postura de repulsão aos leigos na cisma
odiliana é oriunda de um pensamento já muito antigo, e que, por isso, creem
estar no uso da verdade e fiéis a tradição. Porém, essa mesma tradição é aquela
que os coloca como proprietários da Igreja, que a tornou um comércio, que a subordinou
ao bel prazer de seus vendedores e, para que assim se mantivessem, expurgou a
vivência do povo leigo na Igreja.
Ora,
se não há testemunho, então não há conversão e nem anúncio; E se não há nada
disso, qual o sentido de ser Igreja? Essa foi justamente a pergunta que realizaram
no ano de 2018, quando observaram uma igreja que pregava e testemunhava para si
mesma.
“Quando
perguntavam qual era a nossa missão a resposta era óbvia: evangelizar. Mas
evangelizar quem? Os nossos padres que já estão evangelizados? E o povo que
precisa de anúncio, onde ficam? Ficavam esquecidos, nas margens, pois a igreja
não se dedicava em evangeliza-los”. Houve então a reunião sinodal, na qual se
debateu o futuro da Igreja por novos caminhos, passos evangelizadores.
Como
prova, o papa citou um trecho da conclusão da Exortação Apostólica pós-sinodal Sal Terrae, de Urbano III: “Diante dos
desafios apresentados pelo IX Sínodo dos Bispos, é preciso ter a esperança de
dias profícuos para a Igreja, não desanimando em levar a mensagem de Nosso
Senhor a todos os povos e nações. O caminho para superar as divisões e
desconfianças em torno do tema é grande, mas com passos acertados, certamente o
avanço do diálogo virá aos poucos de forma gradual e salutar. O importante é
não acomodar-se diante da atual situação e, com a confiança revigorada em Deus,
colocar em prática o que estas letras escrevem. Que Maria, a primeira leiga,
nos auxilie, na caminhada rumo aos desígnios do Pai. Nesta festa de Assunção,
confio uma vez mais a Igreja à sua maternal proteção que nunca nos desampara”. [2]
O
Santo Padre também lamentou que ainda hoje haja quem queira viver do próprio
ego, promover a divisão e contratestemunhar o Cristianismo. Por fim, trouxe uma
última reflexão extraída da carta-pastoral Domini
Gregis, da Congregação para os Leigos: “A missão dos leigos na Igreja é
exercer o sacerdócio régio e zelar pela liturgia, como seu agente, participar
ativamente dos serviços pastorais e colaborar para o bom desenvolvimento dos
serviços presbiterais. O diaconato é conhecido como extensão do serviço
episcopal, arrisco-me aqui em dizer que o leigo é a extensão do serviço
presbiteral. O leigo deve, junto do sacerdote, oferecer a Deus a oferenda de
louvor e agradecimento na Santa Missa”.
E
continuou: “É essencial a participação ativa dos fiéis leigos no apostolado
virtual, partindo, então, do princípio de que os clérigos devem servir e
evangelizar ao povo que está ao dispor do evangelho! Consonantemente ao que diz
respeito a importância da missão dos leigos na igreja, recordo do termo que por
muitas vezes foi dito em assembleia e em outras discussões do clero, o clero
viver um processo clericalizador. “Devo acrescentar a estes direcionamentos,
uma opinião, não podemos refletir sobre o tema do laical, ignorando uma das maiores
deformações que a Igreja no Habbo vive, o clericalismo”.[3]
O
papa também disse que “estamos vivendo um momento onde o clero trabalha e vive
em favor de si mesmo, em favor dos clérigos, se esquecem da essência de nosso apostolado:
atingir e converter os jogadores de Habbo. Um período onde a missão
evangelizadora é restrita no único ato de ser padre ou freira, uma vez que o
comum é que sejam oferecidas apenas ambas as oportunidades. Um período onde
estruturamos e nos preocupamos em formar bons seminaristas, para serem bons
padre que formam bons seminaristas, mas, estes não sabem como formar os
ministros, leigos, ou como inseri-los em seu apostolado e em suas igrejas
particulares. Dizer que esse erro é oriundo das congregações responsáveis não
seria correto, tampouco dizer que é um erro dos padre e bispos contemporâneos,
por outras palavras, o atual cenário é fruto da construção cultural que permeia
os primórdios de nosso ministério servil”.
E
concluiu a citação observando “que a maior parte dos usuários da presente
plataforma são pertencentes ao público juvenil, é preciso que estejamos de
braços abertos e preparados para acolher em toda sua euforia jovem e saber
moldar, evangelizar e acolher esse público trabalhando encima de suas
realidades, dificuldades, curiosidades e pendências”.[4]
DISCUSSÃO
Ao
final de seu discurso o Sumo Pontífice abriu a primeira discussão aberta ao
comentário de todos os padres sinodais, com o tempo de 3 minutos à sua
disposição. O norte para esta primeira discussão, tendo entrado no mérito do
real simbolismo e missão do nosso discipulado, foi: será que realmente estamos
compreendendo a nossa missão como igreja, discipulado evangelizador?
O
excelentíssimo Dom Iago Alves abriu o debate contando sua entrada no clero no
começo do ano de 2020, dizendo que ao entrar teve a impressão de que seria apenas um RPG. Também disse que tinha
acabado de discernir sua vocação na realidade, e tinha receio de entrar no
clero, e, ao longo do tempo, perder a principal motivação que a princípio era
evangelizar. “Mas com o tempo vamos evoluindo, e porque a igreja também não
evoluiria? Quando nosso beato Pai apontou hoje dando início ao Sínodo, eu sabia
que do momento que entrei até o presente, com minha contribuição, nunca me afastei
da evangelização, muito pelo contrário, hoje, apesar de celebrar bem menos, de
ter um pouco menos de contato pastoral, o meu lado e serviço a esta Sé, muito
contribui para a vocação, pois eu percebo que assim, estamos contribuindo,
evoluindo e edificando a Igreja virtual”. E, após seu testemunho, encerrou sua
contribuição, a primeira do X Sínodo dos bispos.
Após
a alocução de Dom Iago, a vez de fala foi do Exmo. Dom Darllan Messias, que
também citou sua experiência ao entrar no clero, expondo que desde que
ingressou na Igreja Habbiana sempre apreciou estar com o povo: “pois essa é
nossa missão, levar a Palavra de Cristo, onde os padres da realidade, não podem
chegar. Também, sempre me lembro do Documento Salus Animarum, do Papa João II, como norteador de nossa
evangelização, pois para trabalhar temos que entender o motivo pelo qual
estamos aqui”. Ao encerrar, agradeceu ao Santo padre, por trazer o assunto à
tona.
Tendo
concluído sua contribuição, se dirigiu ao púlpito o Exmo. Dom Gianfranco Ravassi
que mais uma vez nos alertou, sobre nossos irmãos cismáticos, que segundo ele
estão desesperados por atenção, e por isso, exortou: “paremos de deixar de ser
conduzidos pelo espírito de divisão, e nos entreguemos ao espírito de amor, de
unidade, e principalmente, de ciência de nossos atos!” E encerrou sua fala sob
uma grande salva de palmas.
Logo
após o término, tomou a palavra o Exmo. Dom Marcos Nunes, relembrando uma fala
que já havia dito: “a Igreja já passou da hora de ter leigos atuantes, pois não
vai adiantar nada, a gente ficar celebrando para duas paredes, porque como
diria Dom Raul Damasceno, no Habbo nem quatro paredes tem. Já temos os
pastores, agora falta os pastores entrarem no meio do seu rebanho e ser mais
amigável. É isso”. E antes de terminar seu momento de fala, concluiu: “Que
nesse Sínodo possamos sair do teórico e ir pra prática”.
Chegando
à vez de Dona Noêmia Cardoso, iniciou ela sua participação com uma pergunta: “Isso
aqui virou Sínodo para os Leigos ou Sínodo para falar mal do clero alheio?”, e
concluindo sua fala, atestou que “os leigos são o hoje e o amanhã da Igreja,
que sem os leigos, não há vocação”.
A
seguir, o Exmo. Dom Idalécio Araújo iniciou exortando os irmãos sobre a
evangelização real “a palavra “Evangelizar”, não significa sair por ai lendo o
evangelho não. Nossas atitudes podem evangelizar muito mais, que ler um pouco
do evangelho em quartos. Digo isso porque quantas vezes vejo padre, bispos,
brincando, fazendo coisas erradas na frente dos leigos, desrespeitando a fé
católica, nossa Igreja. Enfim, do que vale evangelizar enquanto estamos na
missa e ao sairmos dela, sairmos brincando, desrespeitando. Será que essa
atitude evangeliza? O Catecismo da Igreja Católica diz que devemos dar exemplo.
Nas nossas atitudes, levar o respeito e a alegria aos outros. Espero que
saiamos daqui mais respeitosos e sabendo evangelizar. Não é chegar aos quartos ‘tacando’
versículos da bíblia nos outros não”. E encerrou afirmando: “Vamos dar exemplo
também!”.
Concluindo
os adendos, o Exmo. Dom frei Apolônio de Orleans, nos recobrou à lembrança a
postura, que, como clérigos, devemos manter. “Nosso comportamento e nossa
postura deve ser exemplo, devemos ser
exemplos para os irmãos leigos também. Tomem cuidado de como vocês agem na
frente deles, os senhores são pastores. Como já dizia o Pai Francisco: ‘Evangelize
e se necessário, use palavras’”. Também questionou: “Como um padre vai evangelizar,
se ele não tem postura? Nós devemos transmitir a nossa postura enquanto Igreja
para os leigos. Quando digo postura, não é para ser uma pessoa fria ou séria.
Mas para saber diferenciar os momentos”. Terminando sua contribuição sob
aplausos.
Ao
final do I Conferência, o Sumo Pontífice agradeceu a presença de todos na
sessão e na programação do dia. Admoestou ainda que “uma das virtudes mais
importantes é a da obediência, por isso, o tempo será cronometrado, todos terão
sua vez de fala e momentos para palpite, dentro dos paramentos impostos,
ressaltamos também a importância das comissões de acordo com a convocação das
plenárias”. E ao finalizar, rogou a intercessão de São Pedro e São Paulo sobre
o Sínodo, para que do Sínodo brotem bons frutos.
Tendo
deposto a mozeta e a sobrepeliz, revestiu-se de pluvial, férula e sobre a
cabeça, a tiara papal. Concedeu a benção solene após o canto do Tu es Petrus.
Concluiu-se,
com a bênção, a I Sessão Sinodal do X Sínodo dos bispos, aos 28 dias do mês de
Junho do ano do Senhor de 2020, sob o pontificado de João Paulo VII.
Escrito
pelo Reverendíssimo
Pe. Paulo Maria Ravassi Giorno
Battaglia de Orléans e Bragança
Revisto
e aprovado por Sua Eminência Reverendíssima
D. Tomás Skol Sharpen Abels von
Klapperschlange cardeal Araújo
REFERÊNCIAS
[1] Urbano III,
Exortação apostólica pós-sinodal Sal
Terræ (15 de Agosto de 2018), A relação entre o laicato e o clero;
[2] Urbano III,
Exortação apostólica pós-sinodal Sal
Terræ (15 de Agosto de 2018), Conclusão;
[3] Gregório III, Carta
Enc. Lux Mundi (7 de Maio de 2018),
7;
[4] Joseph cardeal
Ravassi, Carta pastoral Domini Grecis,
da Congregação para os Leigos (Abril de 2020);